As mais de 477 mil mortes causadas pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19) no país até a última terça-feira, dia 08, têm contribuído para relativizar o sentimento de luto, porém, a sociedade brasileira não pode perder a sua capacidade de se indignar quando acontece um assassinato brutal como, por exemplo, é o caso do soldado da Polícia Rodoviária Estadual (PRE) de São Paulo, Leandro Martins Patrocínio, de 30 anos. O corpo dele foi encontrado em um terreno ao lado da comunidade de Heliópolis, na Zona Sul, no sábado, dia 05.
Sepultado no dia seguinte no Rio de Janeiro, sua terra natal, o soldado Patrocínio estava desaparecido desde o dia 29 de maio, quando foi visto pela última vez. Na ocasião, câmeras de segurança registraram ele saindo da estação Sacomã do Metrô em direção à comunidade citada. No dia 30, o soldado da PM que encontrava-se à paisana, ou seja, sem usar o uniforme da corporação, não compareceu para trabalhar no 1º Batalhão da PRE, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista e, por isso, passou a ser procurado por companheiros de farda, cães farejadores e agentes da Polícia Civil.
Segundo a investigação das polícias Militar e Civil, o soldado Patrocínio teria sido sequestrado, torturado e morto por criminosos, depois de ter sido descoberto como policial pelos bandidos em um baile funk dentro de Heliópolis. Em todo caso, a causa da morte ainda não foi informada porque depende do resultado do laudo necroscópico do Instituto Médico Legal (IML). Conhecedor da vida militar, por ter sido atuado na corporação no início da carreira de mais de 30 anos em sua maioria na Polícia Civil, o vereador Roberto Antunes de Souza (Cidadania) lamentou o assassinato do soldado Patrocínio.
Segundo ele (foto), como se trata de um policial negro infelizmente não motivou nenhuma manifestação de protesto pela sociedade paulista em geral, contudo, se fosse ao contrário, ou seja, se a polícia tivesse matado um cidadão negro certamente a população, sobretudo, os movimentos de direitos humanos estariam se insurgindo contra o triste episódio que ceifou a vida de um pai de família. “Na realidade, não entro no mérito se o soldado Patrocínio era ou não um bom policial, mas quando se elimina um membro das polícias a própria sociedade é atacada”, diz Roberto de Souza. Para ele, vivemos uma verdadeira inversão de valores e em um mundo repleto de hipocrisia.
Na sessão ordinária, na segunda-feira, dia 07, o presidente da Câmara Municipal, vereador Flavio Batista de Souza (Podemos), o Inha, propôs um minuto de silêncio a morte covarde do soldado Patrocínio (foto). Além disso, na próxima segunda-feira, dia 14, a partir das 9h, a Casa deverá aprovar em única discussão um requerimento de pesar de autoria dos vereadores Antônio Carlos Alves Correia (Republicanos), o Tonho, Luiz Fábio Alves da Silva (PSB), o Fabinho e Roberto de Souza. Cópia do documento será encaminhada à Polícia Militar do Estado de São Paulo.
Por Pedro Ferreira, em 09/06/2021.