Tonho repudia atos racistas de torcedores espanhóis contra jogador Vini Jr.

As manifestações racistas de parte dos torcedores do Valencia contra o jogador brasileiro Vini Jr., do Real Madrid, no campeonato espanhol, no domingo, dia 21, continuam repercutindo pelo mundo afora. Em Ferraz de Vasconcelos, o vereador Antônio Carlos Alves Correia (Republicanos), o Tonho (foto), repudiou os atos discriminatórios ao atleta canarinho na sessão ordinária, na terça-feira, dia 23. Para ele, o comportamento lamentável de boa parte da torcida do Valencia não corresponde à essência do esporte e, portanto, do futebol.

O parlamentar acrescentou ainda que o jogador brasileiro já foi xingado de maneira racista oito vezes nos últimos anos por torcedores espanhóis e, no entanto, apesar da gravidade desse tipo de agressão covarde contra Vini Jr., oficialmente, quase nada foi feito pelas autoridades constituídas do país europeu para coibir a prática do racismo estrutural. “Trata-se de uma situação vexatória e reprovável sob todos os aspectos chamar um ser humano de macaco por conta da sua cor de pele”, desabafou Tonho. O próprio vereador já sofreu ataques racistas, na década de 80, quando não podia pegar sequer o elevador social no seu trabalho, na capital paulista e, sim, o de carga.

Mesmo sendo um crítico da vitimização, Tonho acredita que a pessoa que sofre racismo não pode ficar calada e, ao mesmo tempo, deve buscar os seus direitos junto à justiça. “Eu superei essa barreira que setores da sociedade em geral tentam impor para nós negros, porém, sei do meu valor, da minha competência e, neste caso, não dou bola para esse tipo de atitude discriminatória, mas dói na alma ser xingado simplesmente por ter a pele negra. Em síntese, o racismo disfarçado de democracia social está impregnado na sociedade brasileira e mundial”, destacou Tonho. A opinião dele reflete o pensamento de toda à Câmara Municipal.

Natural de São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro, Vini Jr. (foto), começou a brilhar no futebol no Flamengo, mas logo foi comprado pelo Real Madrid. No time espanhol, o jogador brasileiro é uma das estrelas a desfilar o seu talento em campo, mesmo assim, segmentos da torcida não suportam ver o sucesso do atleta tupiniquim. Aliás, Vini Jr., não é o primeiro jogador brasileiro a ser tachado de “macaco”. Em 1997, o então lateral-esquerdo do Real Madrid, Roberto Carlos também sofreu atos racistas. No caso mais recente, a federação espanhola de futebol multou o Valencia em R$241 mil, fechou por cinco partidas a parte do estádio e anulou a expulsão de Vini Jr.

                                                                 Pressão

Já a LaLiga que organiza o campeonato espanhol promete endurecer as regras para punir torcedores racistas, contudo, a entidade sempre se comportou de forma omissa contra o assunto. Agora, o órgão age devido a grande repercussão internacional que ganhou o caso Vini Jr. Além disso, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), presidida por um negro, o baiano Ednaldo Rodrigues também cobrou providências a Federação Internacional de Futebol (FIFA). O Palácio do Planalto, por sua vez, mantém tratativas com o governo espanhol exigindo medidas para combater o racismo em geral. Ontem à noite (23), movimentos antirracistas protestaram em frente ao consulado espanhol em São Paulo.

Por Pedro Ferreira, em 24/05/2023.