A execução do ex-delegado Ruy Ferraz Fontes, de 64 anos, em 15 de setembro do corrente, em Praia Grande, no litoral paulista, acendeu o sinal de alerta nas autoridades competentes de como agentes públicos que combatem ou investigaram o crime organizado estão vulneráveis a vinganças fatais como no caso em tela. Dr. Ruy Ferraz atuou por mais de 40 anos na polícia civil de São Paulo e no início dos anos 2000 foi a primeira autoridade policial paulista a bater de frente com lideranças do Primeiro Comando da Capital (PCC).
Por conta do assassinato do agente que chefiou a polícia civil paulista, de 2019 a 2022, o vereador ferrazense David Francisco dos Santos Junior (PP), o David Junior (foto), apresentou a moção de apelo nº0041/2025. No texto aprovado em única discussão, na sessão ordinária, na terça-feira, dia 30, o parlamentar solicita que sejam criadas e fortalecidas políticas públicas permanentes de proteção a ex-delegados, ex-promotores, ex-juízes e de mais agentes públicos da segurança pública e da justiça que atuaram diretamente no combate ao crime organizado no país.
De acordo com o vereador, essas autoridades destemidas ficam à mercê do Estado, sobretudo, quando deixam a função e, portanto, perdem todo o aparato da segurança pública. Por isso, David Junior acredita que é muito importante a implantação de uma política pública de proteção não apenas aos ex-agentes, mas também extensiva aos seus familiares. “De fato, essas pessoas que investigaram criminosos de alta periculosidade precisam de vigilância 24h, já que o mundo do crime não esquece os seus “algozes”, afirmou. Na moção de apelo, ele pede que a discussão sobre o assunto seja ampliada.
Afinal de contas, o governo paulista e a União necessitam encarar de frente o problema e, ao mesmo tempo, proporem medidas protetivas para a categoria de ex-profissionais da segurança pública e da justiça mencionada acima. “Na realidade, esse debate passa, especialmente, pela Secretaria de Estado da Segurança Pública, Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), Congresso Nacional, Associação dos Delegados de Polícia do Brasil (Adepol) e da Associação Paulista do Ministério Público (APMP) objetivando implementar medidas eficazes de monitoramento de risco, inteligência e proteção pessoal”, concluiu.
Vítimas
A lista macabra de ex-agentes do sistema de segurança pública e de justiça inclui além da execução do ex-delegado e então secretário de Administração da Prefeitura Municipal de Praia Grande (SP) Ruy Ferraz (foto-divulgação), o juiz Antônio José Machado Dias, de 47 anos, morto pelo crime organizado em 2006, em Presidente Prudente (SP), a juiz Patrícia Acioli, de 47 anos, assassinada em 2011, em Niterói (RJ) e do ex-diretor da Casa de Detenção do Carandiru, José Ismael Pedrosa, de 70 anos, em 2025, em Taubaté (SP). No rol inclui ainda o promotor de justiça Thiago Faria Soares, de 36 anos, eliminado em 2013, em Itaíba (PE).
Por Pedro Ferreira, em 01/10/2025.