Com quatro meses de funcionamento completados na sexta-feira, dia 12, a Comissão Especial de Inquérito (CEI) da Câmara Municipal de Ferraz de Vasconcelos criada para apurar possíveis irregularidades na marcação do ponto eletrônico por médicos do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) continua fazendo seu trabalho. No momento, segundo o seu presidente (foto) Roberto Antunes de Souza (PMDB), a investigação concentra-se na análise de dados materiais coletados.
Em todo caso, ele lamenta o fato de a CEI do Samu não ter conseguido ouvir o depoimento do principal acusado do suposto esquema fraudulento, o ex-coordenador, Jorge Luiz Cury, assim como, o de sua filha a médica Aline Monteiro Cury. Na verdade, a comissão fez três notificações, contudo, a dupla ignorou as intimações. Agora, os membros da CEI do Samu tentam saídas jurídicas para obrigar os dois profissionais a depor. O chamado “Escândalo dos Dedos de Silicone” veio à tona em 10 de março deste ano. Na época, esquema teve repercussão nacional e internacional.
Na prática, Jorge e Aline Cury precisam ser intimados, pessoalmente, e, neste caso, Roberto de Souza avalia que a lei acaba favorecendo os implicados. “Somos escravos da lei e, por isso, buscamos um caminho legal para coletarmos os depoimentos do casal”, comenta. Por sua vez, o presidente da comissão destacou que o Poder Judiciário tem sido parceiro na apuração. Afinal, por solicitação da CEI do Samu, a Justiça já quebrou os sigilos bancário e telefônico do ex-coordenador e da médica flagrada marcando o ponto biométrico, Thauane Nunes Ferreira.
Até a presente data, os integrantes da CEI do Samu já ouviram as oitivas de cinco médicos envolvidos, de 13 servidores do órgão, de dois do setor de Recursos Humanos (RH) da própria Secretaria Municipal de Saúde e de três do Departamento de Recursos Humanos (DRH) geral da Prefeitura Municipal. Com isso, o grupo possui mais 60 dias para concluir o trabalho de investigação e, ao mesmo tempo, apresentar um relatório final sobre o assunto. Sem fazer nenhum tipo de pré-julgamento, Roberto de Souza acredita que os médicos mancharam a imagem do Samu local e poderão ressarcir o erário público.