Considerada a principal pivô do “escândalo” do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), em Ferraz de Vasconcelos, a médica Thauane Nunes Ferreira, de 28 anos, deverá prestar o seu depoimento a Comissão Especial de Inquérito (CEI) da Câmara Municipal aberta para apurar o caso na próxima terça-feira, dia 26, às 9h. A convocação da suspeita de fraudar a marcação do ponto eletrônico do Samu, com dedos de silicone foi deliberada em reunião da comissão (foto) nesta terça-feira, dia 20.
O depoimento da médica Thauane Ferreira é visto como fundamental por membros da CEI do Samu. Na realidade, a médica socorrista já afastada, preventivamente, da função pela Prefeitura Municipal é uma das peças-chave que envolvem o processo de investigação não apenas dos vereadores, assim como, da Polícia Civil, do Ministério Público (MP), do Ministério da Saúde e do próprio Poder Executivo. Na sexta-feira passada, ela depôs ao MP.
Na audiência, a médica alegou que para não perder o seu emprego era forçada a fazer a digitação do sistema de controle de ponto de colegas pelo o coordenador licenciado do Samu, Jorge Luiz Cury. Além dela, o esquema à tona no dia 10 deste mês pela Guarda Civil Municipal (GCM) abrange ainda mais cinco médicos, porém, o número pode atingir a 11 médicos e 20 enfermeiros. Coincidentemente, o depoimento de Thauane Ferreira à CEI do Samu ocorre no mesmo dia e horário do coordenador afastado ao MP.
Aliás, o médico Jorge Cury deveria ter prestado depoimento ao MP, na última sexta-feira, dia 15, mas, por meio de advogado, avisou que estava impossibilitado por motivo de doença. De acordo com a médica Thaune Ferreira, a suposta fraude no Samu local rendia por mês de cada médico R$4,8 mil. O dinheiro, segundo consta, era transferido por meio eletrônico (TED) para a conta de Jorge Cury. Para a Prefeitura Municipal, o rombo ao erário público pode superar aos R$2 milhões. Os acusados podem responder por estelionato, peculato e formação de quadrilha. As penas podem chegar a 12 anos de prisão.
Advogado
Na reunião, a CEI do Samu aprovou ainda a designação de um advogado para assessorá-la ao Poder Executivo, já que, atualmente, a Câmara Municipal não dispõe de um profissional do Direito por causa da demissão a pedido do então procurador jurídico. Dr. Ivan Luduvice Cunha, no mês passado. Para o presidente da comissão, Roberto Antunes de Souza (PMDB), a presença de um advogado é primordial para o desenvolvimento dos trabalhos. “Queremos fazer a nossa investigação dentro da mais perfeita legalidade para evitarmos erros”, conclui Roberto de Souza.